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A Japan House traz gratuitamente até o dia 25 de abril de 2021, e exposição DŌ, essencial para compreensão do Japão de uma maneira mais a fundo.
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Dessa vez é mostras do Shodō, a caligrafia como uma manifestação poética e filosófica. São exibidas obras de Shoko Kanazawa que utiliza técnicas e saberes milenares e os atualiza, trazendo seus conceitos para os tempos atuais.
Os trabalhos da artista desvendam e retratam a filosofia do caminho da escrita, que é a tradução de Shodō. É praticada tanto com caracteres ideogramáticos – kanji – quanto com os fonéticos – hiragana e katakana. A caligrafia é conhecida por exigir alta precisão do escritor cada caractere dos kanji devem ser escritos segundo uma ordem de traços específica, um exemplo é esse kanji Sora, que significa céu
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A disciplina se torna um hábito para os praticantes dessa arte.
Mas como todos possuem a letra diferente, existe a liberdade de cada artista o que determina o estilo individual.
Escrita com o uso do sumi (tinta preta) e pincéis variados sobre o papel japonês, a arte da caligrafia é considerada uma metáfora para a própria vida. Assim, alternam-se pinceladas fortes com outras mais delicadas, produzindo diferentes efeitos conforme a velocidade, o ritmo, a pressão sobre o papel, essas variações são compradas com os alto e baixos do dia a dia.
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Dez pergaminhos e um biombo, muitos deles de grande escala com até dois metros de comprimento, que fazem parte do repertório de trabalhos de Kanazawa, que pratica, sobretudo a caligrafia performática, fazendo uso de grandes pincéis que demandam um envolvimento direto de todo seu enquanto aplica a tinta sobre o papel.
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"As obras de Shoko Kanazawa trazem uma nova perspectiva dentro do Shodō, manifestação artística importante que reflete tão bem a cultura e a estética japonesa. Essa arte milenar, tradicional e extremamente popular no país é explorada pela artista de forma única e significativa, unindo esse caráter performático e corporal com todo o lado conceitual e espiritual do Shodō
Repleta de significados, as obras escolhidas para a mostra valorizam o acaso, os espaços vazios e a expressividade dos traços. As palavras e expressões escolhidas pela artista não são aleatórias, pois possuem conceitos poéticos e subjetivos, com mensagens, e aparecem em destaque com o intuito de trazer a essência da cultura nipônica.
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Outro elemento importante dessa exposição são os traços fluidos presentes nas obras de Shoko, que exigem o engajamento de todo o corpo assim como o seu compromisso e prática para alcançar leveza, equilíbrio e excelência.
Shoko Kanazawa tem síndrome de Down e teve sua primeira exposição aos 20 anos de idade. Em homenagem ao seu trabalho artístico, foi nomeada uma das artistas oficiais da Olimpíada de Tóquio e é uma figura exemplar em lutas pela causa de pessoas com deficiência e tem ressignificado o Shodō, atraindo cada vez mais jovens a aprenderem essa arte tradicional e estimulando outras pessoas como ela a expressarem-se por meio de sua criatividade
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Nascida em Tóquio no ano de 1985, Shoko Kanazawa começou a estudar caligrafia aos 5 anos, com sua mãe, que lecionava Shodo para crianças. Ao longo do tempo, foi se destacando e sua produção ganhou notoriedade. Seu domínio das variações mais sutis da linha, das noções de composição e posicionamento das formas e também do uso da tinta, com suas saturações são notáveis.
Em 2005, Shoko Kanazawa realizou sua primeira exposição individual, aos 20 anos, chamada "The World of Caligraphy", marco de sua produção, sendo de grande importância para a divulgação de seu trabalho por todo Japão. Desde então, exibiu suas obras em templos japoneses muito conhecidos, como Kenchōji (Kamakura), Kenninji (Quioto) e Tōdaiji (Nara). Internacionalmente, já expôs em países como Estados Unidos (The Nippon Gallery, Nova York), República Tcheca e Singapura. Além disso, foi uma das convidadas para realizar um dos posters para a próxima Olimpíada, em Tóquio, e, em 2015, apresentou um discurso na sede da ONU em ocasião do Dia Internacional da Síndrome de Down.
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